Adalice Araújo

Cassiana Lacerda

Fernando Bini

Fernando Velloso

José Carlos Cifuentes

Maria José Justino

Nilza Procopiak

Sérgio Kirdziej


O abstracionismo lírico e a incorporação do tempo
na pintura de Guilmar Silva

No abstracionismo lírico a geometria incorpora, num ímpeto romântico, algo “dinâmico”, talvez “vital” ou
“fluido”, algo que, através da assimetria como uma de suas características fundamentais, tira a rigidez das figuras geométricas, em contraposição ao abstracionismo geométrico, em que há uma certa vontade de ordem, simetria e certeza, características próprias do chamado classicismo.

Para Kandinsky, um dos principais deflagradores desses abstracionismos na arte do século XX, na abstração informal há uma analogia profunda entre obra de arte plástica e música. Há, portanto, uma intervenção do tempo físico, sendo que este, como nos ensina a ciência moderna, é produzido por uma situação de assimetria. Ela cria uma tensão que determina uma direção e um sentido. A assimetria, herdeira do romantismo, é capaz, então, de criar o tempo, de gerar o movimento, de produzir a vida, inclusive a vida das formas.

Essa intervenção do tempo estabelece uma diferença essencial entre o abstracionismo informal e o geométrico. Guilmar Silva poderia ser considerada uma das maiores representantes da arte abstrata informal no Paraná. Na sua obra pictórica, o tempo transforma-se no traço, e ele tem um sentido privilegiado pelo gesto.

Os nomes de algumas de suas obras, a saber, Estilhaços, Ex-chaos, Gênesis, Epifania, Gólgota, Hierofania, Galáxia, Germinal, Profundezas, Sideral, Umbra, Sucção, remetem ao primeiro minuto do universo, à gênese de tudo, quando ainda não existia a vida, nem a matéria, nem o próprio espaço, quando a perspectiva nem fazia sentido, mas em cujo minuto é criado o tempo após aquela explosão tensional inicial, o Big Bang, que produziu uma grande assimetria no nada, no momento da criação.

José Carlos Cifuentes
Agosto de 2008.