Adalice Araújo

Cassiana Lacerda

Fernando Bini

Fernando Velloso

José Carlos Cifuentes

Maria José Justino

Nilza Procopiak

Sérgio Kirdziej


Urbanidades/Intimidades

São raros os artistas não-figurativos que, buscando sua inspiração na paisagem urbana, tenham conseguido, como Guilmar Silva, uma obra ao mesmo tempo terna e possante, pretendida como um prolongamento da natureza que, em lugar de aviltar com uma leitura piegas, acrescenta e enriquece com sua interpretação. A obra nos conduz a um clima de cunho crítico quando focaliza, numa linguagem não-figurativa, o caos urbano que a artista já de longa data depurou de qualquer incômoda referência descritiva remanescente da fonte inspiradora, propondo novos limites para o seu existir.

As telas de Guilmar Silva se apoiam portanto na decomposição quase totalmente analítica das formas armazenadas em seu inconsciente que, ao serem decodificadas no momento da criação artística, desconsideram preconceitos acadêmicos, normas tradicionais da composição e de tudo aquilo que possa inibir sua liberdade.

O resultado disso é uma constante turbulência e vitalidade incontidas, convivendo com harmonias cromáticas e uma finesse manifestada por meio de sutis nuanças.

Ao exibir, nesta oportunidade, suas mais recentes obras, a artista completa os derradeiros passos de seu trajeto criador, apoiada fortemente nos valores expressivos da cor e da matéria. Eles brotam de suas vigorosas pinceladas que, embora obedecendo à sua determinada vocação construtivista, não estão isentas de uma constante presença gestual, marcantemente lírica e até aleatória em muitos momentos.

Fernando Velloso
Outubro de 1991.